Coluna Ponto a Ponto (01/07) – Entre o vazio e a desesperança: Há saídas?

Coluna Ponto a Ponto (01/07) – Entre o vazio e a desesperança: Há saídas?

PONTO I - O ministro Edson Fachin, monocraticamente, concedeu liberdade a Rocha Loures e pôs fim a esta coluna, que havia sido escrita um pouco antes de sua decisão. Mas que depois dela perdeu todo o sentido do que havia escrito. As teorias que tentam explicar o país não tem resistido a muita coisa. Muitas vezes este presente contínuo onde estamos inseridos defaz até o passado mais recente, sem que nem ao menos tenhamos processado o acontecimento anterior. Sexta-feira, 30 de Junho de 2017, foi uma eternidade de absurdos. PONTO II - "Quando os homens exercem seus podres poderes" o Olimpo do cinismo reluz como prêmio aos seus atos e se faz escárnio aos simples mortais. Marco Aurélio Melo que o diga. Não bastou retornar o homem, "sempre afeito às coisas do país", " o neto de Tancredo", de "elogiosa carreira política" ao "seu cargo no senado", como o fez sob loas, malgrado "o clamor popular" a quem o STF jurou, jamais, deixar de escutar. Não temê-lo-emos, para Melo, Aécio está onde nunca deveria ter saído, no lugar onde o "povo" o colocou, "no exercício do seu cargo". PONTO III - As palavras tem faltado para explicar e definir o que é este momento que estamos vivendo. Há uma crise da palavra. Elas não duram e muito menos produzem sentidos que marquem o presente e delineiem os limites do passado e as estradas para o futuro. "Tudo que é sólido desmancha no ar". Como a coluna escrita hoje cedo e reescrita depois para tentar entender o que ninguém compreende, o Brasil hoje. PONTO IV - Se há uma crise da palavra, há também um vazio de liderança. Se as palavras já não dizem mais, os homens que a proferem tem deixado de nos representar. Temerosos  Gilmares Maias são, cada vez mais, representantes de si mesmos e dos interesses do gangsterismo político que assalta o Brasil "deitado em berço esplêndido". PONTO V - Pernambuco é o retrato fiel desta ausência de lideranças. Nossas alternativas políticas expressam esse vazio de representatividade. De um lado um governo tido como o pior da história no estado. Do outro, um representante de si mesmo e das elites a que pertence, votando sempre em desfavor dos trabalhadores e de seus direitos adquiridos. Por hora a escolha dos pernambucanos está entre o vazio e a desesperança. PONTO VI - Vazio maior aponta a disputa para o legislativo. Se para o executivo estamos diante da dolorosa escolha entre o vazio e a desesperança, no legislativo vislumbramos sempre o mesmo e o nada. Enfim, estamos diante de onde sempre estivemos e sem saber para onde vamos, e se vamos para algum lugar além de um Pernambuco para os de sempre. PONTO VII - Diante de todos estes vazios se evanesce o sentido de nação. Começa a faltar liga para o que nos faz brasileiros. Nossa imagem diante do mundo e de nós mesmos nunca foi tão humilhada e achincalhada. Não deixamos só de ser o "país do futuro". Estamos deixando de ter futuro. As utopias, no Brasil, já não existem mais. Quando muito, o que se propõe é um retorno a um passado obscuro entendido como símbolo de ordem e progresso. PONTO VIII - Nossa consciência histórica está fratura. Estamos vivendo em meio a vários tempos, mas sem que saibamos ao certo qual direção seguir. O Brasil está numa encruzilhada dos tempos. Em si isto não é ruim. Já passamos por isso antes. O grave, deste momento, é que nos faltam lideranças, sentido e a desesperança se abatem sobre todos. Até nossas instituições estão em ruínas. É preciso seguir. Ao menos até 2018. Se houver 2018. Wagner Geminiano* Doutorando em História pelo PPGH-UFPE.

PONTO I – O ministro Edson Fachin, monocraticamente, concedeu liberdade a Rocha Loures e pôs fim a esta coluna, que havia sido escrita um pouco antes de sua decisão. Mas que depois dela perdeu todo o sentido do que havia escrito. As teorias que tentam explicar o país não tem resistido a muita coisa. Muitas vezes este presente contínuo onde estamos inseridos defaz até o passado mais recente, sem que nem ao menos tenhamos processado o acontecimento anterior. Sexta-feira, 30 de Junho de 2017, foi uma eternidade de absurdos.

PONTO II – “Quando os homens exercem seus podres poderes” o Olimpo do cinismo reluz como prêmio aos seus atos e se faz escárnio aos simples mortais. Marco Aurélio Melo que o diga. Não bastou retornar o homem, “sempre afeito às coisas do país”, ” o neto de Tancredo”, de “elogiosa carreira política” ao “seu cargo no senado”, como o fez sob loas, malgrado “o clamor popular” a quem o STF jurou, jamais, deixar de escutar. Não temê-lo-emos, para Melo, Aécio está onde nunca deveria ter saído, no lugar onde o “povo” o colocou, “no exercício do seu cargo”.

PONTO III – As palavras tem faltado para explicar e definir o que é este momento que estamos vivendo. Há uma crise da palavra. Elas não duram e muito menos produzem sentidos que marquem o presente e delineiem os limites do passado e as estradas para o futuro. “Tudo que é sólido desmancha no ar”. Como a coluna escrita hoje cedo e reescrita depois para tentar entender o que ninguém compreende, o Brasil hoje.

PONTO IV – Se há uma crise da palavra, há também um vazio de liderança. Se as palavras já não dizem mais, os homens que a proferem tem deixado de nos representar. Temerosos  Gilmares Maias são, cada vez mais, representantes de si mesmos e dos interesses do gangsterismo político que assalta o Brasil “deitado em berço esplêndido”.

PONTO V – Pernambuco é o retrato fiel desta ausência de lideranças. Nossas alternativas políticas expressam esse vazio de representatividade. De um lado um governo tido como o pior da história no estado. Do outro, um representante de si mesmo e das elites a que pertence, votando sempre em desfavor dos trabalhadores e de seus direitos adquiridos. Por hora a escolha dos pernambucanos está entre o vazio e a desesperança.

PONTO VI – Vazio maior aponta a disputa para o legislativo. Se para o executivo estamos diante da dolorosa escolha entre o vazio e a desesperança, no legislativo vislumbramos sempre o mesmo e o nada. Enfim, estamos diante de onde sempre estivemos e sem saber para onde vamos, e se vamos para algum lugar além de um Pernambuco para os de sempre.

PONTO VII – Diante de todos estes vazios se evanesce o sentido de nação. Começa a faltar liga para o que nos faz brasileiros. Nossa imagem diante do mundo e de nós mesmos nunca foi tão humilhada e achincalhada. Não deixamos só de ser o “país do futuro”. Estamos deixando de ter futuro. As utopias, no Brasil, já não existem mais. Quando muito, o que se propõe é um retorno a um passado obscuro entendido como símbolo de ordem e progresso.

PONTO VIII – Nossa consciência histórica está fratura. Estamos vivendo em meio a vários tempos, mas sem que saibamos ao certo qual direção seguir. O Brasil está numa encruzilhada dos tempos. Em si isto não é ruim. Já passamos por isso antes. O grave, deste momento, é que nos faltam lideranças, sentido e a desesperança se abatem sobre todos. Até nossas instituições estão em ruínas. É preciso seguir. Ao menos até 2018. Se houver 2018.

Wagner Geminiano*

Doutorando em História pelo PPGH-UFPE.

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