Das Areias da Praia de São José da C. Grande para os gramados, Bruna Barbosa Árbitra Assistente de Futebol – FPF

Desde a infância, quando jogava futebol na praia de São José da Coroa Grande, ouvindo que futebol é para homens, Bruna Maria da Silva Barbosa, 25, sempre amou o esporte e nem sua graduação em Educação Física a deixou longe do mais amado esporte brasileiro, o futebol.  Filha de pescador, sai  das areias da praia de São José da Coroa Grande para os gramados, não como jogadora e sim como Árbitra Assistente de Futebol, desejo alcançado através da Escola de Formação de Árbitros Sherlock, criada pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF) em 2014, como graduação em Arbitragem, título concedido pelo MEC. O curso Sherlock conta com uma parceria bem sucedida da Faculdade Escritor Osman da Costa Lins (Facol), de Vitória de Santo Antão, onde o mesmo possui todos novos padrões de exigência da FIFA e da Escola Nacional de Arbitragem de Futebol (Enaf/CBF), ainda ultrapassando os requisitos da grade que a CBF propôs.  “Não tínhamos escola de formação. Formávamos numa mera ação de esforços da diretoria de futebol daquela época. Então estabelecemos um procedimento padrão que era primeiro agregar uma faculdade, segundo obter licenciamento. Eram critérios técnicos que queríamos para validar o curso como de qualidade”, disse o presidente da FPF, Evandro Carvalho. Após conseguirem classificação nas provas teóricas, foi avaliada a parte física de cada candidato. Para homens correr 2.400 metros em 12 minutos e mulheres 2.200 metros em 12 minutos. Bruna Barbosa, conseguiu sua classificação juntamente com mais 3 mulheres, alcançando o final da prova em 11 minutos. Seu namorado Genilson Rony, 27, companheiro que divide a mesma paixão pelo esporte, também conseguiu um bom resultado e assim os dois conseguiram a tão almejada vaga para ingressar na Escola de Formação de Árbitros Sherlock. O curso teve 401 horas de aulas, dezoito disciplinas, um período de dez meses com aulas teóricas e práticas, assim o estado de Pernambuco graduou sua primeira turma com 41 alunos para Árbitros e Assistentes de Futebol. No dia 4 de Outubro de 2016, a formatura da primeira turma na classificação de graduação, ocorreu na AABB- Associação Atlética Banco do Brasil- Recife. Estavam presentes no evento, celebridades da Arbitragem e do futebol, como Manuel Sarapião Filho (Presidente da Escola Nacional de Arbitragem e representante da Confederação Brasileira de Futebol - CBF), Ubirajara Ferraz (Coordenador da Escola de Arbitragem Sherlock Argemiro Felix de Sena da Federação Pernambucana de Futebol e professor homenageado), Sebastião Rufino (Ex Árbitro FIFA e Presidente da Escola de Arbitragem Sherlock Argemiro Felix de Sena - Federação Pernambucana), Evandro Carvalho (Presidente da Federação Pernambucana de Futebol- FPF), Murilo Falcão (diretor de Competições da FPF), Emerson Luiz Sobral ( Instrutor e Árbitro, categoria CBF I ), Ana Karina Marques Valentim (Arbitro na categoria: FIFA) e única do Nordeste e entre outros que prestigiavam o evento. Na função de Árbitro Assistente, Bruna e seu namorado e parceiro Genilson Rony conseguiram seus diplomas e estão aptos a compor o quadro de Árbitros Assistentes da FPF. Até chegar a carregar o selo FIFA no peito, os Árbitros e Assistente passam por vários testes de qualificação com testes físicos, para se enquadrar nas categorias, que são elas em ordem crescente:  FPF III, FPF II, FPF I, CBF III, CBF II, CBF I, FIFA, ASPIRANTE FIFA, ESPECIAL I, ESPECIAL II. De acordo com Evandro Carvalho, todos os alunos terão espaço para arbitrar nos estaduais Sub-15 até o Sub-20, além das competições inferiores à Série A1. “Pernambuco só não tem mais espaço do que São Paulo. Esses meninos vão ter oportunidade e vão crescer”, garantiu. “A vida de árbitro tem que ser preenchida com o dia a dia, com a experiência e eles estão prontos para começar a pegar experiência. Alguns já tem se saído bem, outros já tinham experiência anterior e estão um pouco mais desinibidos para trabalhar. Mas a expectativa é que tenhamos uma geração muito bem preparada”, exaltou o membro da (Ceaf) e um dos instrutores do curso Erich Bandeira. Em relação a presença feminina nesse meio, a Árbitra Ana Karina- FIFA relata que questão do preconceito contra a mulher na condução de uma partida não pode ser apontado como fator pelo baixo número de mulheres na arbitragem. “Para mim, passa despercebido. Quando entrei em 2002, era mais. Hoje diminui bastante. Ter a mulher no comando do jogo está se tornando algo comum e isso é bom”, afirmou. Além de Ana Karina, o quadro pernambucano ainda conta com Debora Cecília e as assistentes Karla Santana e Fernanda Colombo. “O pior é a questão das exigências físicas, principalmente as relacionadas à velocidade”, destacou Ana, reprovada nos últimos testes para apitar jogos masculinos. Bruna Barbosa, bastante otimista, conta que teve oportunidade de participar do quadro de Árbitros na qualidade de Assistente no Clássico Pernambucano Santa Cruz X Sport Sub-15 Masculino, no qual Ana Karina relata a crescente nas oportunidades, e que em 14 anos de formada teve apenas três oportunidades de Arbitrar Clássicos Pernambucanos no Sub-15, assim mostrando otimismo e esperança para as mulheres que estão se inserindo na profissão e para as futuras que desejarem ingressar na mesma. Estamos torcendo para que em 2018 possamos prestigiar a atuação da nossa conterrânea, Bruna Barbosa, como Árbitra Assistente na segunda divisão do Campeonato Pernambucano. Por Camila Barbosa