Os impactos das fake news no processo eleitoral – Por Dr. Ulisses Dornelas Jr

Saiba mais informações clicando no link

Dr. Ulisses Dornelas Jr
Fenômeno global dos últimos tempos, as fake news não são novidade do mundo contemporâneo, só mudou de nome e ganhou mais proporções e consequências, em razão do poder de alcance e pulverização da internet. Antes mais conhecidas como fofoca, mexerico, disse me disse, dito cheio de maldade ou, simplesmente, aquilo que se fala ou escreve com o intuito de causar intrigas, a divulgação de notícias falsas têm causado danos e impactos extremamente negativos na saúde mental da sociedade e só quem já se viu como vítima no centro de um mexerico sabe da dimensão dos danos causados.

O que muita gente ainda não sabe é que quem divulga fake news pode ser responsabilizado por crime contra a honra. E em ano de eleição, quando este movimento toma como pano de fundo o ambiente político, o que acontece? Promulgada em 2019, a Lei 13.834 tipifica o crime de denunciação caluniosa com finalidade eleitoral. A punição para quem divulgar notícias falsas contra candidatos no período eleitoral pode ser de multa ou pena de dois a oito anos de prisão, podendo aumentar em caso da calúnia ter sido feita sob anonimato ou nome falso.

E não é exagero afirmar que a disseminação de notícias falsas pode impactar o processo eleitoral e colocar em risco a democracia, podendo resultar, inclusive, na anulação de pleitos que tenham comprovadamente sido influenciados pela produção e divulgação de fake news. O eleitor precisa estar atento às informações que consome, buscando sempre confirmar se o que foi divulgado vem de um veículo de comunicação de credibilidade ou se trata-se apenas de falsas narrativas que têm por objetivo apenas por denegrir políticos do grupo A ou B.

As fake news hoje são disseminadas nos grupos e redes sociais, os quais não são terra sem lei. É preciso alertar ao cidadão que ele poderá ser responsabilizado civil e criminalmente.

É preciso serenidade na veiculação das informações com responsabilidade a uma análise autocrítica, inclusive dos candidatos a mandatos eletivos, pois eles estão em contato direto com seus eleitores.

Infelizmente, assim como no futebol, onde há muito tempo a paixão virou doença (na maioria das torcidas), o radicalismo vem tomando conta da nossa população também no processo eleitoral, que, de forma apaixonada, exacerba suas ideologias a fim de que sua voz seja ecoada mais alto, muito embora nem se tenha sequer a certeza do que está sendo dito. Em tempos de pós-verdades, é importante manter-se bem informado para que não sintamos no dia a dia os efeitos da consagração de gestores tão falsos quanto as notícias que os colocaram no poder.

*Ulisses Dornelas Jr. é advogado criminalista e professor universitário.

COMENTÁRIOS