Políticos evangélicos – Não são santos, mas são perigosos em 2018 – Por Bruno de Oliveira

Políticos evangélicos – Não são santos, mas são perigosos em 2018 – Por Bruno de Oliveira

Já alguns dias sem escrever serve para ampliar os horizontes, fazer novas leituras, afinal, não se escreve sem ler. Mas confesso que a inspiração para essa publicação veio não diretamente de leituras, mas de uma canção. Composta por Armando Filho, em 1990, o refrão da canção dizia assim: Só Deus segura este país Em meio a crise e a aflição Em meio a tanto desamor O amor de Deus é a solução Qualquer um que se debruçar a estudar sobre a relação política e igrejas evangélicas, perceberá que a canção de Armando Filho não se trata de um clamor ao divino, mas uma convocação aos crentes, para que eles se comportem ativamente nos temas políticos, e que a solução do Brasil poderia vir de uma liderança cristã evangélica. Ao observar o momento e o lugar social da composição desta canção, perceberemos alguns detalhes, o primeiro deles é que a eleição de 1990 representou uma queda no número de cadeiras no congresso; segundo, as igrejas pareciam se ver traída, seus candidatos foram trocados pelos “incrédulos”, mas qual a diferença entre eles? Será que essa canção soará novamente em algum programa eleitoral em 2018? Os políticos evangélicos aceitaram continuar como coadjuvantes na política nacional? Não cabe a um historiador ficar prevendo o futuro, mas alguns rastros contemporâneos nos permite tentar fazer algumas análises. Primeiro, os evangélicos já se colocam como uma força extremamente forte em nossa nação,  porém, nem sempre conseguem centralizar seus objetivos em um nome; os evangélicos não são um único povo, mas uma nação heterogênea em doutrina, usos, costumes e posicionamento político, apesar que em Brasília, seu discurso se alinhar com uma pauta tradicional e conservadora. Assim, as diferenças e falta de união fora de Brasília enfraquece as pretensões políticas para 2018. Segundo, vários partidos querem um nome evangélicos forte em suas chapas, são por tradição, grandes puxadores de votos irracionais, o que chamo de voto de fé. Pernambuco é exemplo desta capacidade de captação de votos e controle do rebanho para votar em seus pastores, e são poucas as ovelhas rebeldes. Pastor Eurico, os Ferreiras e os Colins continuarão carregando os seus rebanhos as urnas, e por certo, continuaram tendo eleições expressivas. Recentemente, o atual Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles andou namorando com os evangélicos. Estariam os evangélicos querendo ficar nas sombras? Terceiro, teria a Bancada Evangélica capacidade e organização política de centralizar em uma chapa para eleições majoritárias? Quais seriam os nomes? Quais igrejas estariam na liderança? Projeto político seria o mais tradicional de todos, cheio de elementos esdrúxulas, e carregado de colocações infelizes. Recentemente, o deputado Marco Feliciano, mais uma vez, nos deu o exemplo de como seria drástico e dramático para o Brasil ter uma liderança evangélica; em uma publicação, comentando sobre a agressão sofrida por uma professora, ele justificou a situação como um ato de colheita, “quem planta vento, colhe tempestade”, assim falou ele. A professora fazer comentários esquerdistas em suas redes sociais, faria dela merecedora de agressão? Imaginemos por um minuto o Brasil sendo governado por pessoas de mente tão retrógrada. Desde já, deixo claro que não me refiro ao povo evangélico, mas a casta que lidera o povo evangélico, que os seduzem nos domingos com palavras doces e que são verdadeiros sepulcros caiados. Não tento nem imaginar no Brasil sendo governado por uma casta hipócrita, conservadora e patriarcalista, mas se um dia acontecer,  eu cantarei o último refrão da composição de Armando Filho: É hora de interceder E confiar somente em Deus Jeová Só Ele tem todo o poder E pode então tudo mudar. Muitos têm pouco pra viver Poucos tem muito pra valer Este sistema é opressor Tem seu cruel dominador O misticismo em ação Na tela da informação A Violência está a crescer Ao ponto de nos deixar sem saber O que será desta grande nação. Por Bruno de Oliveira – Mestre em História pela UFPE e colunista semanal do Blog Ponto de Vista Confira ainda os outros textos da série sobre o universo evangélico na política: https://old.blogpontodevista.com/bancada-evangelica-quem-disse-que-eles-sao-santos-parte-1/ http://blogpontodevista.com/eles-nao-sao-santos-sao-ardilosos-parte-ii/

Já alguns dias sem escrever serve para ampliar os horizontes, fazer novas leituras, afinal, não se escreve sem ler. Mas confesso que a inspiração para essa publicação veio não diretamente de leituras, mas de uma canção. Composta por Armando Filho, em 1990, o refrão da canção dizia assim:

Só Deus segura este país

Em meio a crise e a aflição
Em meio a tanto desamor
O amor de Deus é a solução

Qualquer um que se debruçar a estudar sobre a relação política e igrejas evangélicas, perceberá que a canção de Armando Filho não se trata de um clamor ao divino, mas uma convocação aos crentes, para que eles se comportem ativamente nos temas políticos, e que a solução do Brasil poderia vir de uma liderança cristã evangélica.

Ao observar o momento e o lugar social da composição desta canção, perceberemos alguns detalhes, o primeiro deles é que a eleição de 1990 representou uma queda no número de cadeiras no congresso; segundo, as igrejas pareciam se ver traída, seus candidatos foram trocados pelos “incrédulos”, mas qual a diferença entre eles?

Será que essa canção soará novamente em algum programa eleitoral em 2018? Os políticos evangélicos aceitaram continuar como coadjuvantes na política nacional? Não cabe a um historiador ficar prevendo o futuro, mas alguns rastros contemporâneos nos permite tentar fazer algumas análises.

Primeiro, os evangélicos já se colocam como uma força extremamente forte em nossa nação,  porém, nem sempre conseguem centralizar seus objetivos em um nome; os evangélicos não são um único povo, mas uma nação heterogênea em doutrina, usos, costumes e posicionamento político, apesar que em Brasília, seu discurso se alinhar com uma pauta tradicional e conservadora. Assim, as diferenças e falta de união fora de Brasília enfraquece as pretensões políticas para 2018.

Segundo, vários partidos querem um nome evangélicos forte em suas chapas, são por tradição, grandes puxadores de votos irracionais, o que chamo de voto de fé. Pernambuco é exemplo desta capacidade de captação de votos e controle do rebanho para votar em seus pastores, e são poucas as ovelhas rebeldes. Pastor Eurico, os Ferreiras e os Colins continuarão carregando os seus rebanhos as urnas, e por certo, continuaram tendo eleições expressivas. Recentemente, o atual Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles andou namorando com os evangélicos. Estariam os evangélicos querendo ficar nas sombras?

Terceiro, teria a Bancada Evangélica capacidade e organização política de centralizar em uma chapa para eleições majoritárias? Quais seriam os nomes? Quais igrejas estariam na liderança? Projeto político seria o mais tradicional de todos, cheio de elementos esdrúxulas, e carregado de colocações infelizes. Recentemente, o deputado Marco Feliciano, mais uma vez, nos deu o exemplo de como seria drástico e dramático para o Brasil ter uma liderança evangélica; em uma publicação, comentando sobre a agressão sofrida por uma professora, ele justificou a situação como um ato de colheita, “quem planta vento, colhe tempestade”, assim falou ele. A professora fazer comentários esquerdistas em suas redes sociais, faria dela merecedora de agressão?

Imaginemos por um minuto o Brasil sendo governado por pessoas de mente tão retrógrada. Desde já, deixo claro que não me refiro ao povo evangélico, mas a casta que lidera o povo evangélico, que os seduzem nos domingos com palavras doces e que são verdadeiros sepulcros caiados. Não tento nem imaginar no Brasil sendo governado por uma casta hipócrita, conservadora e patriarcalista, mas se um dia acontecer,  eu cantarei o último refrão da composição de Armando Filho:

É hora de interceder
E confiar somente em Deus Jeová
Só Ele tem todo o poder
E pode então tudo mudar.

Muitos têm pouco pra viver
Poucos tem muito pra valer
Este sistema é opressor
Tem seu cruel dominador
O misticismo em ação
Na tela da informação
A Violência está a crescer
Ao ponto de nos deixar sem saber
O que será desta grande nação.

Por Bruno de Oliveira – Mestre em História pela UFPE e colunista semanal do Blog Ponto de Vista

Confira ainda os outros textos da série sobre o universo evangélico na política:

Bancada evangélica: Quem disse que eles são santos? – Parte 1

Eles não são santos, são ardilosos – Parte II

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