Acordos defendidos nos EUA não têm vantagens claras, diz Romero Albuquerque

Acordos defendidos nos EUA não têm vantagens claras, diz Romero Albuquerque

Parlamentar preside Comissão de Assuntos Internacionais da ALEPE

O deputado estadual Romero Albuquerque (PP), presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Alepe, não viu vantagens claras, em especial para o nordeste, nos temas tratados pelo presidente Jair Bolsonaro, durante a visita aos Estados Unidos. Entre as parcerias firmadas entre os dois países, a autorização para o governo americano usar a base de lançamentos em Alcântara, no Maranhão, e a dispensa de visto para japoneses, australianos, canadenses e americanos, não foram bem avaliadas pelo deputado. “Elas não preservam a autonomia diplomática brasileira”. Ainda assim, o deputado comentou que o início deste novo perfil de interlocução entre os países  pode render bons frutos para o Brasil.

“Não se trata aqui de negar a importância dos EUA, de produzir uma rejeição completa ao país, mas nossas relações têm que ser conduzidas pelo princípio da reciprocidade, da vantagem mútua, e isto não ficou muito claro nos acordos firmados pelo presidente Bolsonaro. Nós oferecemos muito para eles e tivemos pouco retorno. As vantagens não ficaram claras”.

O parlamentar questionou, por exemplo, se haverá, de fato, aumento no número de turistas com a flexibilização do visto e se esta abertura compensaria a perda dos valores oriundos da própria emissão dos documentos. De acordo com o Itamaraty, em informação veiculada no portal UOL, o governo federal deixará de arrecadar cerca de R$ 60 milhões com o fim da obrigatoriedade da emissão dos documentos.

Além disso, Albuquerque também avaliou como infundada a exigência do governo americano de que o Brasil abrisse mão do tratamento especial recebido na Organização Mundial do Comércio (OMC) para poder entrar na OCDE. “São benefícios construídos em acordos, que ajudam o nosso desenvolvimento e compreendem a dificuldade que o Brasil tem de estabelecer concorrência com os países desenvolvidos. É um mecanismo para corrigir desequilíbrios entre as nações. Por isso, estas facilidades. Abrir mão, talvez, nesse momento histórico que vivemos, não seja uma boa saída. É preciso muito debate, muito estudo e ouvir os agentes do mercado que dependem da nossa relação com outros países”. Ele ainda complementou: “E o retorno dos americanos são ideias ainda abstratas. Nada de concreto, além das boas intenções, foi colocado em pauta”.

Albuquerque ponderou, no entanto, que a política externa brasileira não pode se deter a um viés ideológico e precisa dialogar com todos os personagens do tabuleiro internacional.“Embora não esteja muito clara a vantagem, ter iniciado esse diálogo foi muito importante. E ele precisa ser feito com todos os outros países. Temos que desempenhar um papel altivo, aberto, de diálogo e com muita responsabilidade”, comentou.

 

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