Coluna Política em Dia (27/07) – Sentimento de renovação será desafio em 2020

Coluna Política em Dia (27/07) – Sentimento de renovação será desafio em 2020

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Com a aproximação do pleito municipal de 2020, muitos articuladores têm apontado, acertadamente, a tendência de rejeição a nomes tradicionais e direcionamento para figuras ou representantes públicos que encarnem ideais de renovação. De acordo com algumas pesquisas realizadas ainda em 2017, 79% do eleitorado se inclinava para novos quadros político. Por sua vez, uma pesquisa Datafolha divulgada em abril informou que apenas 5% dos brasileiros “confiam muito” nos partidos. Em alguns municípios, a questão fica ainda mais dramática porque sondagens de 2019 indicam um crescimento na rejeição a nome que já passaram pela política, tanto vereadores quanto prefeituráveis. Este é um problema até mesmo para gestores bem avaliados – caso o sentimento de renovação seja maior que a aprovação, em especial nas cidades sem segundo turno.

A renovação enquanto consequência da crise política precisa estar nos radares da articulação política principalmente na tentativa de descrever o comportamento do eleitorado. Em 2018, muitos medalhões acostumados a sucessivas vitórias acabaram vendo suas próprias derrotas ao não se ajustarem bem neste conceito político. Em Pernambuco, este fenômeno é mais consistente nas 10 maiores cidades, embora já tenha chegado mais vagarosamente no interior. Por outro lado, apesar de a sociedade ter suscitado novas figuras, há uma dificuldade intrínseca do surgimento deste. Como a política não se compraz no vácuo, a introdução de novos agentes passa pela aposentadoria ou derrota dos políticos tradicionais no processo. Em alguns locais, por exemplo, também há a tendência natural dos eleitores. Cidades como São Lourenço da Mata, por exemplo, possuem uma polarização familiar na disputa pela prefeitura, acarretando um movimento forte por renovação mais visível na corrida por vagas no Legislativo. Também há a escassez de acesso aos partidos políticos na engenharia do processo, condição essencial para a candidatura no Brasil. Neste ponto, é preciso ressaltar que o ingresso de neófitos nos partidos deve também ser acompanhado da tomada de protagonismo por eles. É muito comum ver a entrada de novatos apenas para garantir o alcance do quociente eleitoral.

A questão da rejeição pela política tradicional, além de preocupar aqueles que já ocupam cargos eletivos deve preocupar também os que estão disputando pela primeira vez. Perante a descrença política generalizada, tanto os novatos quanto os decanos são mal avaliados no imaginário popular e os neófitos precisam se esforçar para convencer o eleitorado do quão são merecedores da representação pública. Por último, mas não menos importante, deve-se falar sobre as figuras que não são de renovação, mas de inovação. Um exemplo claro deste fenômeno é o deputado federal João Campos(PSB). Oriundo de uma família tradicional da política e contando com o apoio integral do governo do estado de Pernambuco, não pode ser avaliado como renovação, mas pode conduzir importantes processos de inovação na política, como a coalisão entre estrutura de campanha nas ruas e nas redes sociais .

O pleito de 2020 não seria naturalmente fácil e caberá a quem melhor traduzir o interesse do eleitorado os louros da vitória. Será uma eleição extremamente importante por lançar as bases do que serão as eleições de 2022, além de poder modificar a coalisão de forças de Pernambuco definitivamente.

Sumiço – Muitos ex-apoiadores de campanha têm tecido críticas duras aos deputados Doriel Barros (PT) e Carlos Veras (PT). Os dois têm sido acusados de sumirem após o pleito de 2018, não cumprirem acordos e não atender os apoiadores quando são procurados. Em Paudalho, Camaragibe, Recife e quase todas as cidades por onde passaram, há gente insatisfeita.

Três vias – As três principais forças políticas de Águas Belas já puseram seus times em campo para 2020. O prefeito Luiz Aroldo (PT) vai à reeleição e deve enfrentar um nome do grupo formado pelos ex-prefeitos Genivaldo Menezes (PCdoB) e Nomeriano Martins (PSDB), que se uniram. O MDB decidiu lançar uma terceira via com Élton Martins, primo do deputado Claudiano Martins (PP).

Aberto – Há quem aposte em cenário aberto em Camaragibe, mesmo com a reviravolta política que a cidade teve. Com o prefeito afastado e preso, a prefeita interina Dra Nadegi (PTC) tende a se cacifar para a disputa do ano que vem, mas também há quem aposte no ex-prefeito Jorge Alexandre (PSDB), derrotado por Meira em 2016. Correndo por fora, ainda há os candidatos Bosco (PL), Felipe Dantas (PV), Ilo Jorge (SD) e uma chapa coletiva formada pelo PSOL. Se continuar com tantos candidatos assim, o cenário tende a permanecer aberto na cidade.

Esticando a corda – Um deputado em reserva comentou que o MDB deve procrastinar sua saída da base governista. O grupo de Jarbas e Raul possui grande espaço e não deve jogar tudo pelos ares em troca de aventuras inconsistentes. O rompimento somente se daria no apagar das luzes ou se as sondagens apontassem grande vantagem de um candidato emedebista na disputa pela prefeitura do Recife em 2020.

Coragem – Na mesma sintonia do MDB, há quem aposte que o PSD também não romperia facilmente com o governo estadual, exceto para gravitar em torno de um projeto muito bem consistente.

Apoio – O prefeito de Cachoeirinha, Ivaldo Almeida, oficializou o apoio ao deputado Silvio Costa Filho (PRB). Ivaldo havia votado em João Fernando Coutinho (PROS), que não conseguiu se reeleger e apoiou João Paulo Costa (AVANTE), irmão de Silvio Costa Filho. A mudança tem o intuito de balizar recursos federais para o município.

Decisão – O deputado estadual e Primeiro Secretário da Alepe, Clodoaldo Magalhães (PSB), deve ter uma escolha pela frente. Ele conseguiu uma votação considerável no pleito de 2018, auferindo mais votos que três deputados federais eleitos, dois deles, inclusive, no chapão. Com novas adesões de prefeitos e lideranças ainda em 2019, Clodoaldo pode disputar um mandato de deputado federal com muitas chances de vitória em 2022. Por outro lado, caso decida permanecer como deputado estadual, pode saltar da Primeira Secretaria direto para a Presidência da Casa em 2023.

Escrito por Marcelo Velez

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