Ponto de Vista de Brasília (04/06) – Um ditador entre nós

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Nicolas Maduro Venezuela Presidente Lula

Lula e Maduro na rampa de entrada do Palácio do Planalto, em Bras´ília (DF). Foto: Ricardo Stuckert / PR

ESCRITO POR DENNYS  SOUSA

Na última segunda-feira (29), o presidente Lula (PT) recebeu o chefe de Estado venezuelano no Palácio do Planalto antes da cúpula dos países da América do Sul. O presidente enalteceu o ditador venezuelano Nicolás Maduro e defendeu a suposta democracia da Venezuela – país que já foi denunciado pela ONU por violação dos direitos humanos.

De 2019 até o seu último dia como presidente do país, Jair Messias Bolsonaro (PL) foi nomeado um ditador pelos seus opositores, tal rótulo lhe rendeu não só uma alcunha na política do país, como fora dele, onde o ex-presidente teve dificuldades com outros países, o que deixou o seu governo vulnerável, principalmente com relações exteriores. Mas o que dizer do presidente Lula que além de colocar tapete vermelho para um ditador, ainda o exaltou?

Não soou bem a postura do presidente ao receber Maduro com honrarias de um verdadeiro chefe de estado. Lula disse que a Venezuela é “vítima de narrativa de antidemocracia e autoritarismo” e criticou o que chamou de “preconceito” contra o país. Vale lembrar que não é apenas uma narrativa, o que os venezuelanos passam. É só olhar a grande quantidade de venezuelanos que fugiram do país em busca de condições melhores, e preferem viver como pedintes no Brasil do que voltar para Venezuela.

Lula teve a postura criticada pelos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou. E não foi só fora do país que o comportamento do presidente foi criticado. Para seus aliados, ele “pisou em casca de banana” ao receber Maduro. O acolhimento concedido ao líder venezuelano teria, inclusive, piorado o clima no Congresso Nacional em uma semana que se mostrou decisiva para o governo Lula. O Petista soma mais encontros com líderes internacionais do que com representantes do Congresso, mas as viagens não trazem benefícios para o Brasil e as falas do presidente o afastam das grandes potências. Vale lembrar que o presidente já teve grande status internacional, chegando a receber um elogio do então presidente dos Estados Unidos Barack Obama, em 2009 que chegou a dizer que Lula, “é o cara” e que na época ele era o “político mais popular do mundo”. A cada novo encontro, as declarações de Lula provocam ruídos e críticas à política externa brasileira.
Exaltado pelo presidente, o ditador Nicolás Maduro, não foi assunto só pelo fato de ser uma visita indesejada. Após a reunião, agentes de sua segurança que estavam a serviço do Gabinete de Segurança Institucional da presidência brasileira agrediram jornalistas no Itamaraty. A confusão começou durante uma entrevista de Nicolás Maduro. Os seguranças tentavam impedir a aproximação de profissionais da imprensa. No empurra-empurra, um deles deu um soco no peito da repórter Delis Ortiz. No tumulto, não foi possível registrar imagens do momento da agressão.

No seu terceiro mandato como presidente, Lula sai de grande liderança política mundial para um mero coadjuvante que mal consegue manter um diálogo harmonioso com o congresso. E fora do país tem sua imagem ofuscada primeiro por ter sido mal educado com o presidente da Ucrania Volodymyr Zelensky, e depois por tecer elogios para um ditador.

E agora? – Lula conseguirá nesse seu terceiro mandato como presidente do Brasil, ser o mesmo destaque internacional dos governos anteriores?

Por Dennys Sousa, Cientista Político

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